segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Vento Nordeste - Paraná até São Paulo



Peguei a Estrada Saí-Mirim que depois de 12 km se encontra a PR 412 já no estado do Paraná seguindo mais 15 km até Guaratuba.


Quando eu cheguei a parte urbana de Guaratuba avistei uma senhora de uns 70 e poucos anos, pela forma cuidadosa de andar, e perguntei se eu estava no caminho certo para a balsa. Ela carinhosamente me falou que sim e me despedi quando escutei um "Que Deus te proteja". Me senti cuidada com suas palavras e segui até a balsa que faz a travessia para Caiobá,em Matinhos - PR.



  Quando nós temos um destino certo não nos preocupamos muito com o passar do tempo vendo a noite chegar. Em Matinhos, eu tinha a casa de Delize que gentilmente deixou a chave com a vizinha para me entregar quando eu chegasse.  Graças ao desprendimento de Delize, que se encontrava viajando, entrei em seu lar e tomei um banho quente maravilhoso. Durante toda essa viagem sempre com muita garoa cheguei suada, molhada e cansada. Lavei todas as roupas e tinha uma secadora rs rs Muito bom. E na hora de dormir com a temperatura beirando 0 graus ganhei a companhia de Maria e Herói, os dois gatinhos de Delize.


Com todo o frio que fez, devido as fortes geadas nas serras catarinense e gaúcha, foi muito difícil pensar em levantar pra continuar a viagem. Mas navegar é preciso rs rs.   Depois do café quando eu estava arrumando minha bagagem pra partir chega Delize. Tivemos tempo  para uma prosa e um passeio a orla de Caiobá e entre uma fofoca e outra, pose para as fotos.



Passado das 12 h deixei Caiobá, passando por Praia de Leste e Pontal do Paraná, em direção a Ilha do Mel, distante 44 km.


Foi um trajeto muito rápido porque é litoral num relevo completamente plano, sem vento e com um sol de inverno que ajuda a não congelar. E nessa tarde do dia 07.06.2016, às 14.50 h, calma e linda de inverno puríssimo, cheguei ao Terminal de barcos de Pontal do Sul.


O valor da passagem ida e volta da ilha são 33 reais. Conversei com a caixa e pedi um desconto porque eu só faria a ida, sem volta. Ela deu uma risada e falou: sim, paga só a metade. Me dirigi ao barco pois ele já estava pra partir. O barqueiro Glaumir Mike me ajudou a acomodar minha companheira e depois colocou o Brisa Mar ao mar.


Em 20 minutos de travessia com Glaumir Mike fomos conversando, trocando idéias e ele, curioso, com muitas perguntas sobre a minha viagem.


Não poderia pensar em outra coisa. A tarde foi iluminada. Chegar a Ilha do Mel nesse por de sol incrível. Só agradecendo tanto privilégio. Obrigado, Meu Pai.











E assim sem pressa entrei pela ilha procurando um lugar pra dormir.


Passando por casas, bares em caminhos de areias. Na ilha, não existe ruas, apenas caminhos que levam aqui ou acolá. Quando encontrei a Pousada Girassol lembrei da minha filha Girassol.


Fiquei por ali mesmo. Um quarto pequeno com uma cama de solteiro e chuveiro quentinho. Depois tv na minha novela e internet pra interagir com todos aqueles que já me acompanhavam na viagem. E apaguei feito um anjo. Dormi muito.


Acordei cedinho e pulei da cama, organizei tudo novamente nos alforjes e fui tomar aquele cafezinho que eu adoro. Dar uma última verificada no quarto pra ver se não esqueci nada. Voltei a praia pra ver se havia algum barco pra eu pegar carona. E conforme os pescadores da ilha eu só teria duas opções: ir até a Fortaleza para ver se alguma voadeira passava e de lá atravessar para a Ilha de Superagui ou voltar pra Pontal do Sul, depois ir a Paranaguá pra pegar o barco de linha.


Decidi ir pra Fortaleza porque os pescadores me falaram que o Seu Renato, dono do Bar e Pousada Fortaleza, poderia me ajudar. Da Praia de Brasilia a fortaleza são 4 km. 



Seu Renato é um homem tranquilo e com essa calma disse que não poderia tirar seu barco pra água pois o peso da idade não lhe deixava mais arrastar um barco sozinho. Então ele entrou em contato com um barqueiro que topou me atravessar pra Superagui.


Eu paguei 100 reais pela travessia de 6 km feita em 15 min. Assim que eu coloquei os pés em areia da Ilha Superagui, o barqueiro voltou e sozinha dei um 360 graus pra ver o infinito que me encontrava.



De onde eu desci na praia até o primeiro canal que leva ao centrinho de Superagui tem uns 6 km.  Pra atravessar esse canal, não existe ponte, tem que esperar aparecer um barqueiro e dar carona. Como era cedo, ainda não era meio dia, não me preocupei. Mas o tempo foi passando...passando. Eu devo ter ficado uns 50 min esperando um barqueiro que me atravessasse. Consegui.


É um processo um tanto difícil porque não tem pier para os barcos encostarem...eles chegam o máximo que dá na praia e temos que levantar a bicicleta na força, e é alto.  Mas sempre conseguimos.


Às 12.30 eu estava do outro lado do canal e fui procurar a Selma. Um contato que o Fábio Vieira, de São Francisco do Sul, me passou. Superagui é uma comunidade de pescadores e tem em torno de 35 casas. Com as referências foi fácil achar a Selma pois todos se conhecem.


Nessa hora, Selma me falou que pra eu chegar a Barra do Ararapira teria que seguir naquele exato momento. Eu teria 28 km de praia até a Barra do Ararapira e deveria fazer esse trecho até às15.30 h mais ou menos.



 Após esse horário a maré começa a subir e correria o risco de não eu conseguir atravessar a Barra do Ararapira até a Ilha dos Cardoso. Selma me garantiu que conseguiria entrar em contato com algum barqueiro de lá pra me atravessar. Então eu segui um caminho por entre as casas, passei por uma mata nativa da ilha, pequenos córregos, muita areia e depois de uns 3km cheguei ao mar.




O horizonte do mar somando com a praia é indescritível, as ondas num vai e vem tranquilo e o céu de um azul infinito e maravilhoso. Um dia de muito frio, vento gelaaaado e um sol típico de inverno. Vale lembrar que há dias geava e nevava nas serras catarinense e gaúcha. Assim, fiquei contemplando por alguns minutos e agradecendo tanta beleza e o privilégio de estar ali. Devarinho fui saindo daquele estado de contemplação e comecei o caminho rindo à toa, falando sozinha, agradecendo a todo instante essa oportunidade.


E os minutos passaram tão rápido que quando cheguei a Barra do Ararapira fiquei na dúvida se era lá mesmo. Naquela hora o estado perplexo, tipo boquiaberta, de estar numa natureza tão imensa e única, que eu não conseguia atinar que eu estava na divisa do estado do Paraná com o estado de São Paulo.


O litoral paranaense, diferente da maioria dos outros estados brasileiros, é bem pequeno, com aproximadamente 100 km de extensão. No meu ritmo de pedalada (que é relativamente tranquilo) três dias foram suficientes pra passar por algumas das lindas ilhas e praias desse litoral, cruzando o Paraná e chegando ao estado de São Paulo!!!!

Segunda fronteira estadual da viagem!!!



 Decorreu alguns minutos e vi um barco entrando no canal da Barra. Graças, o barqueiro diminuiu a velocidade e se aproximou, fez um gesto pra ver se eu queria carona e eu afirmei com a cabeça mais um positivo com o polegar.  Ele se aproximou e com a mesma dificuldade das outras vezes consegui levantar a bicicleta até o barqueiro.


O barqueiro, gentilmente, perguntou pra onde eu ia. Eu respondi que queria ir a Cananéia. Ele disse que não iria pra lá. Então perguntei se ele era o barqueiro indicado por Selma e ele falou que nem conhecia a Selma. Mas se aproximou pra me dar carona até Pontal do Leste, na Ilha do Cardoso porque onde eu estava logo a maré subiria e eu ficaria ilhada. Não era uma boa idéia passar a noite ali com as baixas temperaturas que estava fazendo. Quando eu desci no Pontal do Leste, da Ilha do Cardoso, já no Estado de São Paulo, olhei pra todos os lados e não vi ninguém. Mas em poucos minutos o barqueiro indicado por Selma apareceu e também falou que não iria pra Cananéia. Ele foi até lá só pra me atravessar o Canal do Ararapira. Querido! Agradeci a gentileza e fui obrigada a ficar ali mesmo pra decidir como eu sairia dali e dessa rs rs rs


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